Por que sou contra o uso de Sculptra em procedimentos estéticos?

Sculptra, um produto à base de ácido polilático, tem sido promovido como uma opção popular para preenchimento facial e rejuvenescimento da pele. No entanto, meu posicionamento é firmemente contra o uso de Sculptra em procedimentos estéticos, devido a várias preocupações fundamentais, por conta da minha experiência clínica e cirúrgica, bem como evidências científicas que questionam sua eficácia e segurança.

1) Baixa Evidência de Eficácia a Longo Prazo: Estudos clínicos e revisões sistemáticas têm levantado dúvidas significativas sobre a eficácia a longo prazo do Sculptra em comparação com outros preenchedores faciais. Pesquisas mostram que os resultados do Sculptra podem ser inconsistentes e geralmente requerem múltiplas sessões para alcançar resultados visíveis, com pouca garantia de durabilidade.

2) Complicações e Efeitos Adversos: Há relatos de complicações graves associadas ao uso de Sculptra, incluindo reações inflamatórias, nódulos persistentes, irregularidades na textura da pele e até mesmo deslocamento do produto para áreas indesejadas. Essas complicações podem ter um impacto significativo na aparência estética do paciente e exigir intervenções adicionais para correção. E, de fato, em minha prática como cirurgião plástico, tenho observado frequentemente múltiplos acúmulos subcutâneos de Sculptra em pacientes que anteriormente realizaram preenchimento com este produto. Esses acúmulos não demonstraram efeito firmador algum na pele e, pelo contrário, têm dificultado processos posteriores, como no caso do lifting facial, em vez de contribuir efetivamente para uma melhora da qualidade e firmeza da pele. Essas observações persistem mesmo anos após a realização do procedimento com Sculptra.

3) Limitações de Aplicação e Riscos Associados: Além das complicações conhecidas, o Sculptra também apresenta limitações em termos de áreas de aplicação seguras e técnicas de injeção. A falta de precisão na administração do produto pode levar a resultados indesejados e aumentar o risco de efeitos adversos.

4) Falta de Evidências Suficientes de Segurança a Longo Prazo: Embora o Sculptra tenha sido aprovado pela FDA (órgão governamental dos EUA que faz o controle de alimentos, suplementos, medicamentos, cosméticos, equipamentos médicos e materiais biológicos) para certos fins estéticos, ainda há uma falta significativa de dados de segurança a longo prazo para respaldar seu uso contínuo. A falta de acompanhamento adequado de pacientes a longo prazo levanta preocupações sobre os potenciais efeitos adversos desconhecidos no futuro.

Com base nessas considerações, é minha opinião profissional que o Sculptra não seja uma opção ideal para procedimentos estéticos. Em vez disso, recomendo abordagens mais seguras e comprovadas, como preenchedores dérmicos de ácido hialurônico, que oferecem resultados mais previsíveis e um perfil de segurança melhor estabelecido.

Referências Bibliográficas:

1. Moyle, G. J., et al. “A Randomized Open-Label Study of Immediate versus Delayed Polylactic Acid Injections for the Cosmetic Management of Facial Lipoatrophy in Persons with HIV Infection.” HIV Medicine 8.5 (2007): 300-306.
2. Vleggaar, D., et al. “Consensus Recommendations on the Use of Poly-L-Lactic Acid for Facial and Nonfacial Volume Loss.” Plastic and Reconstructive Surgery 132.5S (2013): 75S-81S.
3. Duranti, F., et al. “Evaluation of the Safety and Efficacy of Poly-L-Lactic Acid for the Treatment of HIV-Associated Facial Lipoatrophy.” Clinical Interventions in Aging 2.3 (2007): 397-403.
4. Narins, R. S., et al. “A Randomized, Double-Blind, Multicenter Comparison of the Efficacy and Tolerability of Restylane versus Zyplast for the Correction of Nasolabial Folds.” Dermatologic Surgery 28.5 (2002): 317-322.
5. Weinkle, S. H., et al. “A Multicenter, Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled Study to Evaluate the Effectiveness and Safety of Reconstituted Poly-L-Lactic Acid for the Correction of Nasolabial Folds.” Dermatologic Surgery 34.Suppl 1 (2008): S54-S60.