Cuidados com a cicatriz após cirurgia
Qualquer incisão cirúrgica, por quebrar a barreira tecidual, desencadeia a produção de colágeno no local como parte do processo de recuperação. Na primeira fase de uma cicatrização normal (aprox. 3 meses), o colágeno se acumula na região lesada, aumentando a resistência do tecido. Além disso, há um aumento da vascularização, deixando a cicatriz mais aparente e avermelhada. Depois, a produção de colágeno e a vascularização começam a diminuir e a cicatriz vai gradualmente assumindo coloração mais próxima à da pele ao seu redor. Após cerca de um ano o processo de cicatrização é concluído. No contexto de um acompanhamento médico, é importante respeitar as fases evolutivas de uma cicatriz. Mas há muito o que podemos fazer para otimizar o processo de cicatrização:
- Cuidar da alimentação.
- Vitamina C é importante na produção do colágeno. Boas fontes são acerola, morango, laranja, limão etc..
- Carne, leite e ovos ajudam a suprir a necessidade de ferro, proteínas e outros minerais necessários para uma boa cicatrização.
- O fumo prejudica a cicatrização. Que tal aproveitar a cirurgia com ensejo para parar de fumar?
- Nas orientações pré-cirúrgicas, o cirurgião informará você sobre possíveis restrições de mobilidade no pós-cirúrgico, como por exemplo o raio de movimentação dos braços após mamaplastias ou a postura levemente curvada para a frente após abdominoplastias. Manter as posturas indicadas até liberação médica é primordial para a boa recuperação da incisão.
- Medgel (uma fita autoadesiva à base de silicone), por exemplo, pode ser um aliado é no tratamento e prevenção de cicatrizes hipertróficas, queloides e eritema (vermelhidão) da pele no pós-cirúrgico. Ele é de fácil utilização, eficaz no tratamento de cicatrizes recentes ou antigas, só sendo contraindicado em feridas abertas, regiões infectadas e tecido não sadio. A fita reduz o espessamento e dor, devendo ser usada regularmente.
- Liberação tecidual funcional (LTF): é uma técnica fisioterápica manual com o objetivo de reorganizar as estruturas dos tecidos, recuperando funcionalidade e flexibilidade e favorecendo o metabolismo normal, tratando problemas como dores, retrações, inchaços etc.
- Cremes à base de silicone ou corticoide, dependendo da fase cicatricial e do quadro específico podem também sua indicação. Porém, quando o relevo da cicatriz já está alto, estes tratamentos não ajudam muito. Óleo de rosa mosqueta ajuda a reduzir a coceira provocada pela cicatrização dos tecidos. A massagem feita com cremes cicatrizantes ajuda a prevenir aderências cicatriciais, evitando planos irregulares na superfície da cicatriz.
- A injeção de corticoide é mais eficaz na tentativa de paralisar a hipertrofia cicatricial, proporcionando às vezes até a involução.
- Injeções com interferon também podem ajudar a melhorar a espessura e aparência cosmética de cicatrizes hipertróficas, pois promovem a lise (dissolução) de colágeno.
- Para queloides já bastante desenvolvidos, a cirurgia passa a ser o tratamento mais eficaz. Dependendo da localização e tamanho, podem ser necessárias algumas cirurgias para minimizar o problema e nem sempre é possível eliminá-lo por completo. Devemos ter consciência também de que a cirurgia retira o problema e inicia uma nova cicatriz do zero. A vantagem é permitir uma tentativa de controle da nova cicatriz. Se nada for feito o queloide seguramente retornará.
- Betaterapia: tratamento para a pele à base de radioterapia. Reduz a atividade do fibroblasto, célula responsável pela produção do colágeno. Com isso, reduz a chance deste retornar. É recomendado que a cicatriz seja retirada cirurgicamente e, após a cirurgia, é utilizada a Betaterapia para evitar que o queloide reapareça. A quantidade e duração das sessões é proporcional ao tamanho da cicatriz. O tratamento é simples, indolor, totalmente seguro e sua penetração se limita à pele. Apesar do alto custo, atualmente este é um dos tratamentos para queloide mais eficazes.
- Em especial no caso de cicatrizes deprimidas (como as de acne, marcas de catapora/varíola, cirurgias ou irregularidades pequenas da superfície da pele), podem ser indicados:
- Peeling químico: provoca uma queimadura controlada da pele, podendo atingir diferentes profundidades de acordo com o protocolo adotado.
- Dermoabrasão: Um equipamento remove camadas superficiais da pele e dando um contorno mais homogêneo a superfície da pele.
- Preenchimento com biomateriais como ácido hialurônico.
- Laser: Diferentes lasers podem ser utilizados, dependendo da indicação:
- Resurfacing com laser fracionado CO2: indicado para cicatrizes por acne ou outros tipos de cicatrizes atróficas.
- Dye laser pulsado: usa luz amarela para remover cicatrizes avermelhadas e aplainar cicatrizes hipertróficas; melhora a sensação de prurido e queimação da cicatriz.
Converse com seu médico antes da cirurgia se já teve problemas de cicatrização em cirurgias passadas (queloides, cicatrizes hipertróficas). Ideal nesses casos é já antes mesmo da cirurgia traçar uma estratégia.
Lembre-se! NÃO SE AUTO-MEDIQUE! Cada caso é um caso e a definição da conduta médica correta passa sempre por uma extensa e criteriosa avaliação, além de exigir acompanhamento, reavaliação e adequação regular de conduta.
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